INFLUÊNCIA DAS VARIAÇÕES ESPACIAIS NAS INTERAÇÕES POTENCIAIS DE AVES E ÁREAS VERDES EM CONTEXTOS URBANOS
A fragmentação florestal implica na diminuição de biodiversidade. A Mata Atlântica é considerada o bioma mais degradado do Brasil, pois, historicamente sofreu com as pressões advindas da ocupação humana. Diante desses prejuízos e compreendendo que a urbanização é um processo sem volta, voltar o olhar para as áreas verdes urbanas pode ser um passo importante para mitigar alguns destes danos causados pela perda das áreas naturais. Uma das classes de organismos efetivamente afetadas pelo crescimento urbanístico são as aves, portanto, os parques constituídos dentro ou próximos a regiões urbanas passam a ser uma importante estratégia de conservação a ser aplicada. A manifestação destes organismos, no entanto, depende das fitofisionomias presentes nos espaços urbanos, levando em consideração suas dimensões em termos de área, variedade relativas a espécies vegetais, grau de perturbação, e até mesmo o grau similaridade entre as áreas vegetadas. Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo compreender como as variações espaciais podem influenciar nas interações potenciais entre aves e as áreas verdes urbanas presentes no município de São Paulo, com base em plataformas abertas do poder público e de ciência cidadã. Foram selecionados shapefiles das áreas verdes e do Mapeamento Vegetal de 2020, disponíveis na sessão de dados abertos do GeoSampa. Já com relação à riqueza de aves foram utilizadas as informações do Inventário de Fauna Silvestre do Município de São Paulo de 2021. Para as análises da relação entre a cobertura de vegetação, área do parque e diversidade de coberturas vegetais com a riqueza de aves foram aplicados Modelos Lineares Generalizados da família Poisson. Considerando a hipótese de interação entre a cobertura de vegetação e a área do parque, fizemos uma seleção de modelos pelo critério de Akaike. Como resultados, identificamos que a riqueza de espécies de aves aumentam em áreas verdes com mais tipos de vegetação, tendo em vista a heterogeneidade de habitat, o que acaba por corroborar com a hipótese de que a riqueza de espécies de aves também fosse maior em áreas verdes com maior proporção de tipos de vegetação florestais. Podemos também observar que a riqueza de espécies de aves é maior em áreas verdes com maior tamanho, de acordo com a relação espécie-área. Esse fato ressalta a importância da manutenção de espaços heterogêneos vegetativamente, bem como, a conservação de áreas maiores e mais homogêneas para as espécies endêmicas presentes no município, revelando que ambas as estratégias são aceitas tendo em vista o objetivo da área nas ações de conservação, das necessidades do ecossistema em si manter e da própria população.