DIVERSIDADE GENÉTICA DE QUEIXADAS (Tayassu pecari) EM DIFERENTES PAISAGENS DA MATA ATLÂNTICA, PANTANAL E CERRADO
As atividades antrópicas causam a perda e fragmentação de habitat, reduzindo o tamanho e isolando populações de diversas espécies. Populações pequenas e isoladas sofrem com o aumento do efeito da deriva genética e da endogamia e, consequentemente, com a perda de diversidade genética e da capacidade adaptativa, aumentando os riscos de extinção. No entanto, tais problemas são minimizados quando o tamanho populacional efetivo é elevado e a conectividade entre as populações é mantida favorecendo a ocorrência de fluxo gênico entre elas. Dessa forma mantém-se a variabilidade genética das populações e sua sobrevivência em longo prazo. A manutenção de tamanhos populacionais viáveis e de fluxo gênico entre as populações depende da composição e configuração da paisagem onde essas populações estão inseridas. Neste sentido, o objetivo desse trabalho foi estudar não somente o status populacional genético da queixada (Tayassu pecari), como também a relação entre as variáveis genéticas das populações estudadas e as características das paisagens habitadas por essas populações. Com relação à avaliação populacional genética de queixadas, foi encontrado alto grau de diferenciação genética entre três populações da Mata Atlântica, contrastando com as altas taxas de migração históricas, estimadas usando um método de coalescência. Detectou-se baixa diversidade genética atual e tamanhos populacionais efetivos baixos em comparação com os estimados no passado para essas três populações, o que foi consistente com as evidências de gargalos populacionais recentes e endogamia. Além disso, as populações estudadas estão perdendo diversidade genética em comparação com a população de uma área mais bem preservada do Pantanal. As análises de genética da paisagem, para populações da Mata Atlântica, Pantanal e Cerrado, revelaram que o tamanho populacional efetivo foi menor em áreas com alta densidade de estradas pavimentadas. O isolamento das populações, medido pelo número de alelos privados, foi maior em áreas com baixa densidade hidrográfica e alta densidade populacional humana. Além disso, maiores coeficiente de endogamia foram associados com expansão da agricultura. Assim, estradas pavimentadas, presença humana e agricultura são impactos antrópicos que comprometem a viabilidade genética das populações de queixadas em longo prazo, aumentando as probabilidades de extinção. Dessa forma, ações de mitigação para minimizar o efeito de estruturas e atividades humanas sobre as populações de queixadas são extremamente necessárias para garantir a viabilidade da espécie.