Análise do rastreio ocular em videoaulas de matemática
Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) realizado em 2018, indicam que cerca de 68,1% dos estudantes brasileiros estão com domínio matemático abaixo do considerado mínimo para o exercício de sua cidadania. Considerando o desempenho aquém do esperado em matemática, principalmente no ensino médio, foi proposta uma reflexão sobre o planejamento de um procedimento de ensino no ensino médio. Dessa forma, o objetivo da pesquisa é verificar a viabilidade do uso do rastreio ocular como parte da avaliação de videoaulas de matemática bilíngues (Libras/Português). Tendo como objetivos específicos analisar a correlação entre retenção de atenção (número e tempo de fixação) e aprendizagem matemática a partir do conteúdo exibido multimodalmente nas videoaulas. Para tal, usamos uma metodologia de pesquisa exploratória com um delineamento de base múltipla entre vídeoaula/conceito matemático, tomando como disparador, as videoaulas de matemática produzidas pela escola preparatória da Universidade Federal do ABC (UFABC). A coleta das medidas oculares foi feita pelo dispositivo Tobii 3C. Para tal, dividimos nossa pesquisa em cinco etapas, a saber: 1) revisão de literatura; 2) desenvolvimento do protocolo de coleta e delimitação dos nossos equipamentos disponíveis; 3) seleção de 11 participantes para caracterização, usando a Bateria de Provas de Raciocínio (BPR-5) e questionários; 4) procedimento de ensino composto por uma sondagem inicial no formato de exercícios de fixação e problemas contextualizados, vídeoaulas dos conceitos de multiplicação, distributiva, máximo divisor comum e mínimo divisor comum, por fim, a reaplicação dos exercícios iniciais; 5) tratamento e discussão dos resultados, considerando os acertos, erros, caracterização, tempo de fixação, movimentos sacádicos, número de fixações e os parâmetros do Pisa. Obtivemos, de maneira preliminar, que tal procedimento proposto contribuiu com o aprendizado dos participantes, revelando um impacto positivo da intervenção que durou em média duas horas, visto a apresentação de uma aquisição dos conceitos, mesmo que de maneira inicial. Também podemos inferir que ao cruzarmos o desempenho e seu feedback com o rastreio ocular, é possível identificar, e principalmente diferenciar, os problemas educacionais, evidenciando pontos positivos e negativos do recurso visual, além das lacunas de aprendizagem dos participantes. Podendo então atuar como suporte aos processos de avaliação dos educadores.