Desenvolvimento e aplicação de ferramenta de suporte à decisão para análise técnica, econômica e ambiental na escolha de sistemas de bomba de calor: estudo de caso de um hospital na região Sudeste
O consumo de energia elétrica no setor de edifícios terciários tem aumentado constantemente, atingindo valores entre 20% e 40% nos países desenvolvidos, e ultrapassou os outros grandes setores: industrial e de transportes. No Brasil, o consumo elétrico do setor de edifícios terciários representa 41% da eletricidade do país, e o consumo final de eletricidade no Brasil em 2023 cresceu 5,2% em relação a 2022. Considerando a participação das edificações no consumo de eletricidade no país, pode se considerar esse segmento como o de maior potencial de eficiência elétrica. Uma parcela importante deste segmento são os edifícios de estabelecimentos assistenciais de saúde como os hospitais, os quais possuem uma combinação de instalações prediais e sistemas utilitários em suas edificações. Infelizmente, o sistema de saúde público e suplementar do Brasil vem passando por uma crise financeira importante nos últimos anos, principalmente após a pandemia COVID-19. Por isso, toda ação de engenharia que contribua para eliminação dos desperdícios energéticos e que alavanque a eficiência operacional dos hospitais é importante. Nos estabelecimentos assistenciais de saúde, o consumo nos sistemas de aquecimento, ventilação e ar-condicionado representa mais de 50% da conta de energia elétrica, enquanto o sistema de iluminação representa em média 18%, máquinas e motores, por exemplo, bomba de água e elevadores, em torno de 17% e as demais cargas são 15%. Os hospitais são edificações que demandam aquecimento e frio todos os meses do ano. O aquecimento é necessário para os processos hospitalares, como por exemplo: banho dos pacientes e colaboradores, produção de refeição, esterilização de materiais, lavagem de roupas (enxoval) entre outros processos. Já a produção de frio também é necessária o ano todo, inclusive no inverno, para resfriamento dos equipamentos hospitalares, data center e ambientes da linha crítica, por exemplo: centro cirúrgico, unidades de terapia intensiva, farmácias, ressonâncias magnéticas, aceleradores lineares etc. Indo de encontro com a necessidade de aquecimento de água sanitária e produção de frio, os sistemas com bombas de calor são interessantes para produção desses sistemas utilitários. As bombas de calor consomem, em média, três a cinco vezes menos eletricidade do que os aquecedores elétricos ou as soluções baseadas em combustíveis fósseis. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de uma ferramenta que contribuirá para os projetos de eficiência energética do segmento de saúde com resultados técnicos, financeiros e ambientais indicando sistemas com bombas de calor para o fornecimento de água quente sanitária e/ou água gelada para o sistema de ar-condicionado. Portanto, este estudo focará nos sistemas térmicos das instituições de saúde. A ferramenta foi aplicada em um grande hospital do eixo da Avenida Paulista, São Paulo, Brasil. Foi realizada visita in loco no hospital do estudo de caso e foram levantadas as informações técnicas dos sistemas existentes para modelagem dos possíveis sistemas com bomba de calor. Para contribuir com o desenvolvimento da ferramenta, foram realizadas entrevistas com um grupo de tomadores de decisão para a construção de fatores relevantes e indicadores para tomada de decisão em projetos de eficiência energética.