As relações entre Brasil e Estados Unidos nas páginas dos jornais “Folha de São Paulo” e “The New York Times” no primeiro Governo Lula (2003-2006)
O primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006) priorizou a diversificação das relações do Brasil com o mundo, fortalecendo laços com países da África, Ásia e América Latina, além de buscar maior protagonismo global e promover uma ordem mundial mais equilibrada. A Política Externa Brasileira (PEB) foi caracterizada pela busca de autonomia através da diversificação de parcerias internacionais, com foco na integração Sul-Sul e na participação ativa em fóruns internacionais, tangibilizando o que se convencionou chamar de Política Externa Ativa e Altiva. Desta maneira, ao considerar a imprensa como um ator relevante e influente no jogo político no plano interno e externo, este trabalho busca entender como a política externa brasileira, especialmente as relações com os Estados Unidos entre 2003 e 2006, foram retratados pelos jornais “Folha de S. Paulo” e “The New York Times”. A pesquisa usa acervos online de ambos os jornais, além de referências bibliográficas, para avaliar os fatos de forma quantitativa e qualitativa, tentando entender a conexão entre política externa e os meios de comunicação e, principalmente, a maneira como se dá esta interação. O objetivo geral da pesquisa é identificar o posicionamento dos jornais frente às relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, compreendendo o papel dos principais veículos de imprensa na formação da opinião pública e seu uso para interesses políticos internos. Nossas hipóteses no que tange aos interesses dos dois países nas relações bilaterais é que os EUA estavam mais focados em temas comerciais, enquanto o Brasil priorizava relações políticas; para o Brasil, as relações com os EUA se constituíam em prioritárias, mas não eram vistas da mesma forma pelos americanos, caracterizando uma assimetria diplomática. Outra hipótese acerca do papel da imprensa na cobertura dessa relação é que a posição de cada governo influenciou a abordagem da linha editorial dos jornais, existindo uma diferença no que tange aos alinhamentos: enquanto o jornal Folha de S. Paulo avaliou a política externa brasileira para os EUA de forma majoritariamente crítica, o New York Times alinhou sua linha editorial à defesa da postura estadunidense quando se tratava das relações com seu principal parceiro na América do Sul.