AS OLÍMPIADAS DE FILOSOFIA COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DE FILOSOFIA DIANTE DE POLÍTICAS NEOLIBERAIS
Procuramos esmiuçar neste trabalho, num primeiro momento, as problemáticas e desafios do Ensino de Filosofia no Ensino Básico. Para tal, o situamos dentro das Reformas Educacionais do período republicano brasileiro a partir do século XX. Assim, será necessário investigar o contexto histórico por trás de cada reforma educacional e as razões que levaram a ela, de modo a também compreendermos o lugar da filosofia neste processo. Sabemos de antemão que o Ensino de Filosofia foi sempre posto para escanteio. E uma das razões é “a nova razão do mundo”, isto é, o neoliberalismo. Pois, segundo Pierre Dardot e Christian Laval, o neoliberalismo provocou mudanças estruturantes na sociedade como um todo, inclusive estabelecendo o controle de instituições como a escola, tornando-a uma “empresa” para chegar aos seus objetivos, um verdadeiro projeto de sociedade.
Além do mais, para que a escola cumpra de forma eficiente as diretrizes da “nova razão”, nos últimos tempos, tem efetivado o seu papel através do “controle disciplinar”, como diria Foucault, que analisou o quanto algumas instituições, como a escola, fora utilizada para o controle dos corpos, num mecanismo semelhante ao panóptico, inclusive, ainda hoje. A disciplina tem um papel preponderante na arte do controle. No caso da escola, procura-se disciplinar alunos e professores, como forma de controlar comportamentos e aquilo que se pode ensinar e estudar.
Neste último caso, Paulo Freire percebeu que a educação até então fora construída, com seus programas curriculares, através de uma verdadeira “educação bancária”. A lógica do saber “pré-fabricado” que apenas se despeja no oprimido, nos alunos. E o professor opera como mero “funcionário” desta “educação bancária”; que é do opressor, muitas vezes, sem consciência do todo. Sem saber que é agente de transformação ou que até é cúmplice desta realidade opressora. Assim, a “educação bancária” tem predominado desde muito cedo no período republicano e se tornado o meio de produção de “mão de obra barata”. A partir de Freire veremos que somente com o pensamento crítico, livre e autônomo seremos capazes de construir uma educação libertadora e humanizadora. Sendo o ensino de filosofia, livre, esta força motriz capaz de criar os meios para tal.
No Segundo Capítulo, apresentamos a Olimpíada de Filosofia como possibilidade de enriquecimento do Ensino de Filosofia. Porém, não no viés da simples competição ou da meritocracia, mas de modo colaborativa, segundo as perspectivas da filósofa Lara Sayão e do filósofo uruguaio Maurício Langon e suas experiências sobre Olimpíadas de Filosofia. Assim, apresentaremos os resultados e análises da implantação da Olimpíada de Filosofia que desenvolvemos numa escola pública que lecionamos em Mogi das Cruzes – SP.
Como metodologia pretendemos utilizar a pesquisa bibliográfica, na maior parte deste trabalho. Depois, no último capítulo, será incluída a pesquisa qualitativa através da análise de resultados. Por fim, nas considerações finais procuraremos costurar as bases teóricas ao que foi aplicado e discutido em sala de aula e lançar possíveis caminhos para o uso de Olimpíadas de Filosofia como instrumento para o Ensino de Filosofia.