O IMPACTO DAS CICLOVIAS NAS VIAGENS DIÁRIAS DE BICICLETA NA CIDADE DE SÃO PAULO PARA MULHERES, CRIANÇAS, E IDOSOS, ENTRE 2007 E 2017
Na década de 2010 registrou-se um aumento significativo (+24%) das viagens de bicicleta na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), coincidindo com a expansão das estruturas cicloviárias na capital. Contudo, persistem recortes claros caracterizando o usuário típico da bicicleta (homem, adulto) e barreiras para que determinados grupos (mulheres, jovens, idosos) consigam pedalar. A partir da Pesquisa Origem e Destino do Metrô, analisamos o perfil das viagens de bicicleta na cidade de São Paulo, comparando o período antes e depois da implantação de infraestrutura cicloviária (ciclovias e ciclofaixas), com foco na demanda induzida (o ato da infraestrutura induzir mais viagens ao melhorar as condições para tal) e nos impactos heterogêneos da infraestrutura nos diferentes grupos de ciclistas. Os resultados demonstram a influência da infraestrutura no volume total de viagens de bicicleta e seus efeitos diferenciados, tanto nos grupos marginalizados quanto na distribuição territorial dos impactos. Discutimos a justiça na mobilidade, as barreiras desiguais para a bicicleta e grupos excluídos, e qual seu alinhamento no Novo Paradigma da Mobilidade, conceito de David Banister. A metodologia analisou as diferenças entre 2007 e 2017, comparando três áreas: uma região de tratamento (regiões da capital que receberam ciclovias), uma área de controle primário (regiões da capital sem ciclovias), e uma área de controle secundário (constituída pelos outros municípios da região metropolitana). Essa divisão permitiu elaborar um contrafactual para avaliar o impacto das ciclovias. Aplicando comparação de Diferenças-em-diferenças (DiD), o crescimento global de 24% das viagens de bicicleta se revela quase integralmente concentrado nas áreas com ciclovia na capital (+84%), enquanto as subprefeituras de controle tiveram redução de viagens (-2%) e a região metropolitana estagnou (+5%). Houve aumento de ciclistas dos grupos marginalizados, demonstrando ampliação da inclusão, mas ainda aquém do usuário típico, homem, adulto, evidenciando que outros desafios ainda precisam ser superados com políticas de equidade na mobilidade ativa. As conclusões oferecem um diagnóstico crítico da política cicloviária de São Paulo, destacando avanços e lacunas na inclusão dos grupos marginalizados.