OCUPAÇÕES CULTURAIS PERIFÉRICAS E O DIREITO À CIDADE NA CIDADE DE SÃO PAULO
As periferias metropolitanas têm apresentado significativas transformações em sua dimensão cultural nas duas últimas décadas, enquanto espaços marcados por territorialidades específicas e complexas relações sociais. Esta pesquisa propõe analisar como a produção e as ações das ocupações culturais — geridas por coletivos culturais na periferia metropolitana de São Paulo — impactam as formas de produção e gestão do território, refletindo sobre como esses atores interferem no desenvolvimento da periferia e da cidade. Para isso, são investigadas quatro experiências de ocupações culturais localizadas na zona leste do município de São Paulo, considerando tanto seus históricos quanto suas práticas atuais. Observa-se a emergência de uma produção cultural múltipla, fortemente vinculada à formação histórica e política do território. Suas ações se caracterizam por promover, por meio de arranjos autônomos e coletivos, formas alternativas de produção e vivência do espaço, da cidadania, da ação política e da reivindicação de direitos — constituindo o direito à cultura como dimensão do direito à cidade. A investigação apoia-se na análise de entrevistas, nos registros produzidos pelos próprios coletivos, no levantamento empírico de dados e na revisão crítica da literatura sobre o tema. Vislumbra-se, assim, uma articulação de práticas espaciais insurgentes que se colocam como parâmetro para a formulação de outras possibilidades de cidade.