Como varia a distribuição geográfica da tartaruga-verde (Chelonia mydas) em cenários de mudanças climáticas globais?
A tartaruga-verde Chelonia mydas é uma das cinco espécies de tartarugas marinhas brasileiras. É considerada como “em risco de extinção” e apresenta ampla distribuição geográfica, dos trópicos até zonas temperadas. Apesar de ser uma espécie cosmopolita, não estão disponíveis mapas detalhados sobre sua distribuição geográfica, o que dificulta a elaboração de estratégias e planos de conservação. Este estudo propôs avaliar os possíveis efeitos das mudanças climáticas globais na distribuição geográfica da tartaruga verde a partir das seguintes perguntas: 1) Quais são as áreas de maior adequabilidade ambiental de C. mydas no Oceano Atlântico? 2) Como essas áreas de adequabilidade se modificariam em cenários otimistas (SSP19) e pessimistas (SSP85) de mudanças climáticas para os anos de 2030 e 2050? 3) Quais variáveis ambientais são mais relacionadas à adequabilidade ambiental para as populações do Oceano Atlântico de C. Mydas? Foram utilizadas 1.750 registros de ocorrência da espécie obtidos da base de dados Global Biodiversity Information Facility (GBIF) e variáveis ambientais do repositório Bio-Oracle, para modelagem de distribuição de espécies com o algoritmo MaxEnt, implementado no pacote megaSDM do programa R Studio. Os resultados indicam maior perda de áreas adequadas para a espécie na região do Caribe. Observamos maior fragmentação de áreas adequadas na porção Sul do oceano Atlântico e no litoral da África ocidental. As variáveis mais mais relacionadas à adequabilidade ambiental de C. Mydas foram: temperatura máxima, declividade, temperatura mínima, fitoplâncton, salinidade e clorofila. Essas informações sobre a distribuição geográfica da tartaruga-verde devem ser utilizadas como subsídios importantes para o manejo e conservação de suas populações frente às mudanças climáticas globais.