MECANISMOS DE RESPOSTA IMUNE EM CUPINS NEOTROPICAIS (ISOPTERA: TERMITIDAE)
Cupins são insetos eussociais que apresentam variados hábitos de nidificação e de alimentação, o que os expõem a interações com diversos microrganismos potencialmente patogênicos. Além disso, a alta densidade de indivíduos geneticamente relacionados habitando um mesmo ninho, com poucas conexões externas, tornam esses insetos vulneráveis a epizootias. Para defenderem-se, os cupins desenvolveram mecanismos imunes tanto no nível social quanto individual. As estratégias sociais para combater a disseminação de doenças nas colônias da espécie Silvestritermes euamignathus alteraram-se de acordo com o estágio de infecção do operário infectado com fungo entomopatogênico. Indivíduos em estágio inicial foram submetidos à allogrooming; em estágios intermediários, à allogrooming mais intenso; e em estágios avançados, a estratégia adotada foi o canibalismo. No cupim Anoplotermes pacificus, por sua vez, as estratégias da imunidade social diante de um operário infectado com fungo incluíram: a intensificação do comportamento de alarme e do comportamento sanitário. Este último parece ser uma estratégia para desinfecção da colônia, variando de intensidade segundo a progressão da infecção no indivíduo. Operários de A. pacificus, portanto, identificam, comunicam-se e respondem aos indivíduos tratados com o patógeno de forma progressiva, indicando que as respostas coletivas nessa espécie também são moldadas pelo estágio da infecção. Similarmente, na imunidade individual em A. pacificus as respostas imunes intensificaram-se com a progressão da infecção. Houve aumento no número de genes diferencialmente expressos à medida que a infecção progrediu. Após 3 horas de inoculação do fungo, houve expressão de genes relacionados à regulação de processos metabólicos e biológicos, mas não foi observada expressão de genes relacionados a uma resposta imunológica conspícua. Em 12 horas pós-inoculação, houve o enriquecimento da resposta a produtos químicos e a regulação de processos celulares. Com a progressão para 15 h pós-infecção, as vias de sinalização imunológica tornaram-se ativas, levando à elicitação de mecanismos de desintoxicação e efetores imunológicos. Esses resultados indicam que A. pacificus apresenta um repertório imunológico para protegê-lo de um ambiente rico em patógenos, com ativação de sinalização e mecanismos efetores contra o fungo.