Frankenstein de Mary Shelley e a Ciência no século XIX: articulações entre educação científica, sociedade e cultura
Discutir sobre ciência e suas relações com a cultura em contextos educacionais tem sido presente em muitos dos trabalhos na área de ensino de ciências. Nessa perspectiva, entender a ciência como uma produção cultural sujeitas às especificidades históricas de determinado local e tempo pode fornecer importantes dispositivos para a consolidação de uma concepção não ingênua do desenvolvimento do conhecimento científico, proporcionando a formação de cidadãos crítico e transformadores, capazes de tomada de decisão em prol do bem-estar social. Pretendemos contribuir para essa perspectiva pela investigação da maneira pela qual a obra Frankenstein, ou O Prometeu Moderno, escrita pela jovem prodígio Mary Shelley (1797-1851), reflete características históricas, científicas e culturais do fim do século XVIII e início do século XIX, especificamente com relação às pesquisas em eletricidade. Para tanto, discutimos os valores atribuídos à ciência e seus agentes por meio de um estudo, à luz das relações entre cultura e literatura investigadas por Zanetic (1989, 2005, 2006, 2009), sobre a história da eletricidade dos séculos em questão, objetivando compreender em que medida a autora se valeu dos conhecimentos científicos e concepções sobre a ciência no período para delinear os pilares da narrativa.