Repensando Jogos e TDAH: Design Participativo no Desenvolvimento de um Jogo para Representar a Distração
As pesquisas sobre jogos para o público neurodivergente adotam a perspectiva do modelo médico da deficiência, considerando qualquer condição neurológica que diverge do padrão como um problema a ser curado. Tal perspectiva resulta em jogos que desconsideram a autonomia do indivíduo, suas motivações e suas reais necessidades. Este trabalho apresenta uma revisão de literatura que identificou um agravamento dessas características em pesquisas sobre jogos e neurodiversidade realizadas por pesquisadores de instituições brasileiras, seguido por um processo de design participativo com estudantes identificados com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Esse processo resultou no desenvolvimento de dois protótipos de um jogo. Durante as sessões, os estudantes demonstraram interesse em desenvolver um jogo que representasse como funciona o pensamento de uma pessoa com TDAH em situações cotidianas e que pudesse ser jogado por pessoas com ou sem TDAH. Assim, o jogo não seria desenvolvido para auxiliar no tratamento do TDAH, como sugerem outros trabalhos na literatura, mas sim como um artefato tecnológico para ser usado livremente e que gere oportunidades de aprendizado sobre situações comuns vividas por pessoas com TDAH.