Motifs em grafos para medição de interdisciplinaridade na composição de bancas de defesa
Bancas de avaliação podem ser constituídas com o propósito de julgar a qualidade de determinado produto submetido à sua apreciação, e este produto pode representar, entre outros, o resultado de uma pesquisa acadêmica. A titulação de mestres e doutores no mundo é uma faceta da formação de recursos humanos, e a produção intelectual na forma de dissertações e teses é um dos componentes essenciais e indispensáveis para a evolução permanente da Ciência, empreendimento humano onde áreas do conhecimento (disciplinas ou campos de pesquisa) interagem. Bancas de defesa acadêmicas, como instâncias avaliadoras com poder de indeferimento, respondem tanto pela proficiência do recurso humano que se forma, como pela contribuição que sua pesquisa possa oferecer ao meio social onde está inserida. E, mesmo que esta pesquisa seja classificada como de uma área específica do conhecimento, ela pode ser avaliada por cientistas de áreas distintas, configurando uma interação tratada aqui como "interdisciplinar". A interdisciplinaridade estabelece relações entre duas ou mais áreas, e muitas vezes está presente em uma banca de defesa, devido ao caráter dinâmico de sua composição. Utilizando grafos na modelagem de bancas, podemos tratar os relacionamentos entre os membros participantes como uma rede social acadêmica, conforme o papel desempenhado por eles (avaliados, avaliadores ou orientadores), se beneficiando de métodos, técnicas e algoritmos existentes. Foram utilizados 3 modelos de grafos acadêmicos para representar estes relacionamentos: (i) avaliações, (ii) convites e (iii) coparticipações. Estas distintas configurações na composição das bancas geram (sub)estruturas topológicas na forma de padrões recorrentes (motifs), denotando propriedades comportamentais e funcionais que são intrínsecas à rede analisada. A descoberta dos motifs mais frequentes utilizando um algoritmo eficiente e, posteriormente, a sua busca nas redes originais, permitiram extrair os relacionamentos mais comuns em cada uma das 66 áreas do conhecimento estudadas e, a partir das informações sobre os membros (acadêmicos), medir o quanto estes relacionamentos são interdisciplinares. Como método adaptamos um Processo de Descoberta de Conhecimento (PDC), sistematizando as etapas necessárias para viabilizar a medição: coleta de dados; pré-processamento; transformação/visualização; rotulação; mineração de grafos; pós-processamento. Para experimentação foi utilizado um conjunto de dados real: o Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, com mais de meio milhão de trabalhos de conclusão, coletados no período 2013-2020 (8 anos). Grafos ponderados de interdisciplinaridade foram então projetados a partir dos relacionamentos entre os membros participantes. Além de identificar as áreas do conhecimento que mais interagiram no período (Ecologia, Educação, Linguística, Zoologia), a nossa Análise de Componentes Principais (PCA) a partir das propriedades e métricas topológicas dos grafos de interdisciplinaridade, assim como a análise visual de dendrogramas, evidenciaram áreas de destaque como Bioquímica, Educação, Química e Sociologia.