Avaliação de Biofertilizante Orgânico no Desenvolvimento e Produtividade da Soja (Glycine max)
Os biofertilizantes orgânicos representam uma revolução na agricultura moderna, oferecendo soluções sustentáveis para enfrentar os desafios de solos tropicais degradados e a crescente demanda por alimentos. Por meio da biotecnologia, esses insumos aproveitam microorganismos benéficos e compostos bioativos para melhorar a nutrição vegetal, promovendo cultivos mais saudáveis e produtivos sem depender de fertilizantes químicos. A soja (Glycine max), um dos cultivos mais importantes do mundo, enfrenta limitações em regiões tropicais devido à acidez do solo e à alta umidade, que dificultam a absorção de nutrientes. A presente pesquisa avalia seus efeitos em experimentos de campo em Iquitos, Peru, e em ambiente controlado na Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo do Campo, Brasil. O objetivo é demonstrar como os biofertilizantes podem contribuir para a agricultura tropical com, usando como parâmetro o biofertilizante orgânico Protowallpa, proveniente do processamento de dejetos avícolas, no cultivo da soja cultivar BRS-388RR. Em ambos os experimentos, foi adotado um delineamento com quatro tratamentos (controle sem biofertilizante e concentrações de 5%, 10% e 15%), com aplicação única do biofertilizante na fase vegetativa inicial (VE). Foram avaliados altura da planta, número de folhas, nós, vagens por planta e peso de sementes. Protowallpa, produzido por processos biotecnológicos que utilizam microorganismos benéficos para solubilizar nutrientes como nitrogênio e fósforo, promoveu um crescimento vegetativo significativamente superior. Em condições de campo, as plantas tratadas com 5% e 10% apresentaram maior altura, mais folhas e nós em comparação ao controle, efeito atribuído à melhoria da disponibilidade de nutrientes em solos ácidos de baixa retenção. Curiosamente, o tratamento com 15% produziu maior quantidade de sementes, mas apresentou menor rendimento global, com sinais de clorose, sugerindo que o excesso de nutrientes induziu estresse nutricional em condições quentes e úmidas, reduzindo a eficiência produtiva. Esses achados reforçam o potencial do uso de biofertilizantes para promover cultivos de soja mais saudáveis e vigorosos em ambientes tropicais com uma única aplicação de biofertilizante, mas destacam que a maior quantidade de sementes no tratamento de 15% não se traduziu em maior produtividade devido ao impacto do estresse nutricional. A pesquisa resalta a importância de calibrar as doses conforme o clima e o solo para maximizar os benefícios e evitar efeitos adversos, observação válida em campo e em ambiente controlado. Recomenda-se aprofundar a análise dos componentes microbianos do Protowallpa para refinar sua aplicação na agricultura tropical sustentável.