INTEGRAÇÃO REGIONAL E INTERESSES DE CLASSE: A BURGUESIA INTERNA NO GOVERNO DILMA ROUSSEFF (2011-2016)
Nosso objetivo central de pesquisa é analisar os interesses da burguesia interna brasileira oem relação aos processos de integração regional sul-americanos durante o governo Dilma Rousseff (2011-2016). Nosso problema de pesquisa é entender qual a posição desta fração de classe - face à crise política que o país atravessou antes do impeachment da presidenta. A hipótese adotada é que houve uma mudança no posicionamento da grande burguesia interna que segundo Boito (2018) teria sido hegemonia nos governos PT sobre a integração regional quando (I) os processos assumiram contornos políticos, especialmente, com a entrada da Venezuela, (II) quando as exportações brasileiras perderam mercados para as importações chinesas no âmbito interno e regional, após a crise financeira de 2008 e (III) quando começam a aparecer outras alternativas para a inserção inter e extrablocos, como os mega acordos de investimentos OMC-Plus. A ideia é que esses três pontos se relacionam à própria posição político-ideológica da burguesia interna. O descontentamento com a integração regional tem origem no pós-crise internacional de 2008, especificamente a partir de 2012 com a queda do PIB e do fluxo de exportações para a região. É partir de então que burguesia interna passa a se manifestar contrária à manutenção da integração como central à política externa brasileira. O arcabouço teórico-conceitual a ser utilizado são escritos do marxista Nicos Poulantzas. Investigaremos os interesses da burguesia interna a partir dos documentos produzidos pelas entidades de representação dessa fração, como por exemplo FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e CNI (Confederação Nacional da Indústria), a fim de entender como essas entidades se posicionaram diante da entrada da Venezuela no Mercosul, da consolidação da Unasul, e do acordo Mercosul-União Europeia.