LABORATÓRIO DE PENSAMENTO E ENSINO DE FILOSOFIA: A escrita e o diálogo como experiência filosófica no interior de uma escola pública de periferia
O objetivo desse trabalho de pesquisa é o de contribuir para as práticas de diálogos e reflexões filosóficas com os estudantes do ensino médio, no contexto de uma escola pública, a partir de um espaço denominado laboratório de pensamento. É uma experiência dialógica e uma forma de resistência política, frente ao contínuo processo de instrumentalização disciplinar do ensino de filosofia. Nossa premissa é a de que, à exemplo da concepção de escola como àquela que promove a suspensão de um tempo e de um espaço para o ensino e a aprendizagem, é igualmente importante que haja um lugar legítimo para o pensar filosófico. Um lugar de suspensão, no interior da escola, de um tempo e um espaço para o diálogo e para o pensamento, não o diálogo e o pensamento dados, próprios do modo instrumental de ensino e aprendizagem da sociedade neoliberal. Mas, o diálogo como uma categoria de prática reflexiva, implicadora não só da teoria, mas também do desenvolvimento de um pensamento para a ação transformadora. Desse modo, o laboratório de pensamento, esse lugar que busca a legitimidade do exercício de um tempo para o pensar, vem na perspectiva dos diálogos freireanos de “solidarizar o refletir e o agir”, a partir das narrativas e das escutas que nos tocam e nos afetam de modo significativo para o exercício de uma vida mais contemplativa e crítica. Contrapondo o modelo de organização neoliberal de escola que não considera a relação entre o contexto territorial do estudante, os conteúdos e as relações de subjetivação dos indivíduos. Nesse sentido, essa pesquisa pretende problematizar a seguinte questão: é possível que a filosofia, bastante polemizada na conjuntura da política brasileira contemporânea, possa a partir do interior de um laboratório de pensamento, ser uma forma de resistência intelectual diante dos processos de instrumentalização e reificação do ensino de filosofia?