DIÁLOGOS E INFLUÊNCIAS CIENTÍFICAS ENTRE FRITZ MÜLLER E CHARLES DARWIN: CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO SISTEMÁTICO E BIOGEOGRÁFICO DO SÉCULO XIX E SEU LEGADO PARA A BIOLOGIA COMPARADA CONTEMPORÂNEA
Esta tese tem como principal objetivo analisar a influência dos estudos de Fritz Müller (1822-1897) sobre os trabalhos de Charles Darwin (1809-1882) no desenvolvimento e argumentação científicos do pensamento hierárquico e evolutivo, no que concerne, principalmente, à biogeografia e sistemática conforme discutidas no século XIX. Também fez parte dos objetivos deste trabalho analisar o impacto ainda sentido da obra de Müller nos estudos evolutivos contemporâneos. Dessa forma, o capítulo um nos relata o impacto do lançamento de On the Origin of Species em 1859 por Charles Darwin e os cinco principais eixos da teoria da evolução. No capítulo dois tratamos sobre a biogeografia e sistemática no século XIX. No capítulo três tratamos da visão de sistemática e biogeografia de Fritz Müller, realizando uma análise do livro Für Darwin (1864) no que concerne à embriologia comparada dos crustáceos, buscando compreender como este autor desenvolveu um pensamento evolucionista e admitiu que em alguns casos, a ontogênese poderia explicar a filogênese. No capítulo quatro, analisamos a influência de Müller nos trabalhos de Darwin através da análise de livros e correspondências trocadas entre os dois naturalistas. O quinto capítulo está dividido em três tópicos discutidos por Darwin em sua teoria geral de evolução (mudança das espécies, seleção sexual e embriologia). Buscamos elucidar as contribuições de Müller à época para essas três questões, bem como os desdobramentos atuais dos temas propostos. Por fim o capítulo seis traz as considerações finais do trabalho, considerando que o diálogo estabelecido entre Fritz Müller e Charles Darwin é um capítulo importante para a compreensão da história da biologia evolutiva, visto que as obras de ambos os naturalistas têm inúmeros pontos de similaridade, especialmente no que concerne à própria ideia da seleção natural, a existência de níveis hierárquicos na classificação biológica e o papel da distribuição das espécies na evolução. Nesse sentido, Müller não se configura em apenas um personagem secundário na história da construção da teoria evolutiva na segunda metade do século XIX, mas sim em um pensador importante e original, cujo profundo trabalho empírico, tanto na zoologia quanto na botânica, fez dele figura central no estabelecimento e concretização do pensamento evolutivo, responsável por conectar todos os aspectos do mundo natural em um todo cientificamente compreensível.