UM ESTUDO DE CASO SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE CAPITAL CIENTÍFICO E IMPLICAÇÕES PERANTE AÇÕES INSTITUCIONAIS EM ENSINO DE CIÊNCIAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC
Usando a Sociologia da Ciência e os conceitos de campo, habitus e capitais de Pierre Bourdieu, este trabalho tem como objetivo estudar o espaço social da Universidade Federal do ABC de maneira a tentar compreender em que medida (ou não), existe uma relação entre instâncias de posições de poder (Reitoria e Pró-Reitoria) ante implementação de propostas institucionais, tal como o curso de Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Exatas. O objeto de estudo desse trabalho é o subcampo universitário da Universidade Federal do ABC, o qual conta com 743 agentes. Para análise desses agentes optou-se por dedicar o debate em torno do capital simbólico do tipo científico. Além disso, levou-se em conta que o capital científico pode adquirir características de poder político, prestígio científico, poder científico e poder universitário. Do subcampo universitário analisado notou-se uma maior acumulação de capital científico puro nos agentes que ocuparam espaço social de alto capital científico universitário – Reitores e Pró-Reitores. Ficou evidente a relação entre capital científico com capital universitário, de forma que quanto mais existe acumulação de um, mais provável a acumulação de outro. Ainda não é claro se existe reconversão de capital, apenas que existe influência. O atual grupo de agentes que estão em instâncias de poder e detêm alto poder universitário (Reitores e Pró-Reitores) é aquele que mais se aproxima, do ponto de vista de acúmulo de capital científico, com o restante dos agentes da instituição. Elocubra-se que essa aproximação de capital científico levou esses agentes a usarem outras estratégias para manutenção de poder universitário, no caso, a criação do curso de graduação de licenciatura interdisciplinar de ciências naturais.