APLICAÇÃO DE ÓXIDO DE GRAFENO EM MÉTODOS ALTERNATIVOS PARA
EXTRAÇÃO DE RNA VIRAL
Ao longo da história diversos vírus têm se destacado como causadores de doenças que
assolaram a humanidade. A raiva, assim como a varíola tem suas primeiras descrições desde os
primórdios da humanidade. Enquanto a raiva ainda causa aproximadamente 60 mil mortes humanas
por ano, a varíola foi erradicada na década de 1980. Mais recentemente a COVID-19, causada pelo
Severe Acute Respiratory Syndrome, Coronavirus type 2 (SARS-CoV-2), tornou-se uma pandemia
afetando os sistemas de saúde do mundo inteiro. A biologia molecular tem sido essencial para
acompanhar a evolução destes vírus, sendo a extração de RNA a etapa inicial para diversas
metodologias como a Transcrição Reversa seguida da Reação em Cadeia pela Polimerase (RT-
PCR). As técnicas laboratoriais estão em constante aprimoramento e isso não é diferente com a RT-
PCR, por isso a necessidade pela busca de ferramentas mais eficientes e econômicas. Com o
surgimento da nanociência, materiais de carbono, como óxidos de grafeno (GO), têm se mostrado
eficazes devido às suas propriedades biocompatíveis, baixo custo e a manipulação da matéria ao
nível molecular, visando à criação de novos produtos aplicados em processos biológicos. Nesta
dissertação, o objetivo foi incorporar materiais de grafeno em diferentes métodos de extração de
RNA, principalmente para o vírus da raiva (RABV), mas foram também avaliadas as possibilidades
de uso com o SARS-CoV-2. Os GOs foram sintetizados pelo método Hummers modificado,
caracterizados por espectroscopia Raman e UV-Vis em diferentes oxidações de 1 a 5 horas. Foram
utilizados em três metodologias de extração de RNA: reagente Trizol com GO, beads magnéticas
comerciais combinadas com GO e nanopartículas ferromagnéticas sintetizadas em laboratório funcionalizadas com GO (GO-MNPs). A eficiência da extração com o GO foi avaliada pela quantificação do RNA obtido em cada método utilizando um espectrofotômetro de microvolumes. Em seguida, foi realizada a RT-PCR para confirmar a viabilidade do RNA extraído. Observou-se que a interação entre o GO e o reagente Trizol não foi eficaz para a extração de RNA do RABV, no entanto, os métodos que utilizaram beads magnéticas comerciais combinadas com GO e GO-MNPs sintetizadas em laboratório permitiram a obtenção de maiores concentrações de RNA, aumentando a eficiência da extração em 111%. Para a extração do SARS-CoV-2 também foi possível potencializar a quantidade de material genético extraído além da identificação de uma melhor pureza das amostras extraídas. Os resultados indicam que a incorporação do GO na extração de RNA pode otimizar a RT-PCR para o diagnóstico vírus, possibilitando a implementação de métodos moleculares mais acessíveis em termos de custo e maior eficiência de obtenção de ácidos nucléicos extraídos.