AVALIAÇÃO DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA E ALTERAÇÕES INTESTINAIS EM UM MODELO DE ANÓXIA NEONATAL
COMBINADO À INFLAMAÇÃO PERINATAL POR ATIVAÇÃO IMUNE MATERNA
O neurodesenvolvimento adequado é mantido na interface materno-fetal por um equilíbrio refinado das mudanças físicas, hormonais e imunológicas que ocorrem durante todo o período gestacional para que o indivíduo em formação se desenvolva de forma saudável. Assim, o dinamismo dessas mudanças por parte materna confere maior vulnerabilidade ao risco de contrair infecções que configuram um quadro de ativação imune materna (AIM). Adicionalmente, as complicações gestacionais como a AIM estão associadas ao nascimento prematuro, uma condição que para o neonato pode ser fatal e contribuir para a incidência da ocorrência de privação de oxigênio. A anóxia neonatal é considerada um grande problema de saúde pública mundial por trazer aos sobreviventes sequelas permanentes. Sua ocorrência desencadeia diversas cascatas bioquímicas que levam à morte celular em estruturas encefálicas susceptíveis, como hipocampo e córtex cerebral. Dentre as desordens neuronais oriundas da privação de oxigênio, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido correlacionado a esta intercorrência clínica. Junto à anóxia, é comumente observado quadros de infecções gestacionais que levam à inflamação perinatal por AIM, como dito anteriormente, sendo os dois insultos conhecidos como two-hit. Em modelo de roedores, a combinação entre AIM, modulando o sistema imune fetal, e privação de oxigênio pós-natal, acarretam no desenvolvimento de um comportamento do tipo autista. Há relatos de que ambos os estímulos agressivos levam a alterações sistêmicas na prole, em especial no trato gastrointestinal, que podem influenciar o funcionamento do sistema nervoso central (SNC) devido a
barreira intestinal disfuncional, corroborando para o aumento da inflamação. Atualmente, encontramos que o two-hit foi capaz de originar alterações importantes a nível cerebral, como morte celular e aumento da marcação microglial, mas também intestinal como o aumento do Toll-like receptor 4 (TLR4), sugerindo que
compreender o seu papel frente ao modelo proposto possa contribuir para que novos estudos sejam desenvolvidos baseando-se nesse receptor como alvo terapêutico.