Efeitos de histerese nas convenções sobre a taxa de juros no Brasil
Historicamente as taxas de juros no Brasil se encontram em um patamar elevado, isso é evidenciado principalmente ao se observar a trajetória da taxa básica de juros, a Selic. A teoria pôs-keynesiana afirma que a precificação dos juros é feita a partir de convenções sobre o estado atual e as expectativas em relação ao futuro. Isso se da a partir da relação entre a percepção que o individuo tem sobre os dados aos quais tem acesso e sobre os quais tem um maior ou menor grau de certeza, o que constitui seu conhecimento direto sobre a realidade e as expectativas em relação ao que irá acontecer no futuro o conhecimento indireto. As convenções, crenças compartilhadas, são para Keynes parte do conhecimento direto e, portanto, parte daquilo que os agentes levam em consideração ao formar suas expectativas. Ao executar a política monetária o Banco Central atua sobre a criação de convenções que absorvam as expectativas dos agentes. A fim de analisar as convenções sobre os juros ao longo do tempo será usado o conceito de histerese, que considera que os valores atuais de uma determinada variável são em parte explicados por seus valores anteriores, isso se dá após a ocorrência de um choque exógeno que tem seus efeitos alastrados pelo tempo o que leva uma influência sobre os valores atuais decorrente de acontecimentos passados. Na situação em que há uma persistência de juros elevados o objetivo desse trabalho é que analisar, a partir de series temporais, a existência de histerese na formação das convenções por parte dos agentes que ajudaria a entender a permanência histórica de juros altistas.