ESTUDO DOS EFEITOS DA METFORMINA SOBRE A SOBREVIVÊNCIA, TAXA PROLIFERATIVA E SENSIBILIDADE DE CÉLULAS LEUCÊMICAS A AGENTES ANTINEOPLÁSICOS
A leucemia mielóide crônica (LMC) mata cerca de 7.000 brasileiros todos os anos, tendo tido um aumento global na incidência de casos de 31.752 em 1990 para 34.179 em 2017. A metformina, um medicamento prescrito no tratamento do diabetes tipo II, tem chamado a atenção como um potencial agente antitumoral. Estudos mostram que, entre outros efeitos, a metformina inibe a proliferação de linhagens de células cancerosas e o processo metastático. No presente trabalho, descrevemos os efeitos da metformina na sobrevivência e proliferação de FEPS, linhagem celular de LMC com fenótipo de resistência à múltiplas drogas (MDR). Primeiramente avaliamos a evolução da proliferação da cultura ao longo do tempo e mensuramos o tempo de duplicação de FEPS obtendo um valor de 29 ∓ 4 horas. Em seguida, os efeitos da metformina na viabilidade de FEPS foram avaliados em células expostas ao fármaco (1 - 60 mM) por até 72h usando os ensaios de exclusão do azul de tripan e redução do MTT. Os resultados obtidos demonstraram que a metformina reduz a viabilidade de FEPS de maneira concentração e tempo dependente. Embora 24 horas de tratamento não tenha reduzido a viabilidade de forma significativa, mesmo na maior concentração utilizada, a exposição à droga por 48 horas e 72 horas resultou em valores de IC50 de 60 mM e 20 mM, respectivamente. Na análise de proliferação, células FEPS foram avaliadas por meio de coloração com o corante azul de tripan com auxílio do equipamento Countess I, após a exposição ao fármaco (1 - 60 mM) pelo período de 120 horas e a viabilidade estimada em células por mL. Os resultados obtidos mostraram que para concentrações até 5 mM a taxa proliferativa das células foi reduzida enquanto nas maiores concentrações não houve proliferação (efeito citostático) ou a taxa proliferativa foi inferior a porcentagem de morte celular (efeito citotóxico). A coloração dos núcleos com iodeto de propídio e avaliação da progressão do ciclo celular utilizando citometria de fluxo mostrou que, após tratamento das células com metformina por 48 horas, aumentou a porcentagem de células na fase S e sub-G1 nos tratamentos com metformina nas maiores concentrações (40 e 60 mM). Após 72 horas de tratamento o mesmo foi verificado para os tratamentos com metformina nas concentrações 5 e 20 mM. Desta maneira, podemos concluir que a metformina reduz a viabilidade das células FEPS através de maneira citostática, inibindo a progressão do ciclo celular na fase S, e citotóxica dependendo da concentração e tempo de tratamento.