Método e Metafísica na gênese da filosofia crítica de Immanuel Kant
Tendo por objetivo investigar o desenvolvimento dos conceitos de método e metafísica
na filosofia kantiana no período pré-crítico, este texto de qualificação inicia seu
percurso pela análise e argumentação em torno da herança teórica que esta filosofia
encontra no contexto do esclarecimento alemão, bem como no influxo que diferentes
posturas metodológicas tiveram nas primeiras obras publicadas de Kant. No primeiro
capítulo tratamos do escrito Pensamentos sobre a verdadeira estimação das forças
vivas (1747) e das pistas que ele fornece para uma compreensão do modo de proceder
do jovem Kant. No segundo capítulo, buscamos traçar as mutações e continuidades que
Kant apresenta com relação a essas noções na década de 1750, em especial no texto
História Natural Universal (1755). Os textos Nova Elucidação (1755) e Monadologia
Física (1756) serão tratados também no segundo capítulo, mas suas seções estão ainda
em processo de escrita. Buscamos, assim, extrair do texto kantiano o desenrolar que nos
interessa mais propriamente, isto é, a forma como a metodologia da filosofia e, mais
especificamente, da metafísica, assume progressivamente uma importância central nos
questionamentos que esta ciência suscitou para Kant, atingindo, segundo nossa
apreciação, a possibilidade de lidar com os tópicos fundamentais que se pretendia
investigar nela. Para prosseguir neste caminho de pesquisa, que consideramos central na
compreensão dos desenvolvimentos da filosofia de Kant como um todo, privilegiamos a
bibliografia produzida no Brasil sem deixar de contemplar as principais abordagens que
encontramos em outras línguas, com autores que nos auxiliam a encaminhar nossa
própria investigação. Essa pesquisa, portanto, apesar de orientada a certos aspectos da
obra de Kant (nos levando necessariamente a negligenciar outros), pretende fornecer,
assim, uma perspectiva interpretativa sobre o desenvolvimento da metodologia
filosófica que foi necessária para que se pudesse considerar a possibilidade de uma
filosofia crítica.