ENTRE CORPOS: O permitido e o abjeto na concepção de professores de Ciências e de Biologia
A presente pesquisa tem como objetivo a análise de enunciados e discursos de professores de Ciências e de Biologia da educação básica sobre sexo, gênero e sexualidade, sendo eles componentes interligados da matriz de inteligibilidade heteronormativa, conforme apontado pelos estudos queer. Para tal, montamos um grupo focal de professores destas disciplinas, no qual realizamos uma oficina sobre pedagogia queer, onde aplicamos questionários prévios e posteriores e realizamos pequenas dinâmicas e atividades. Com base no material obtido, nos debruçamos sobre os dados para analisá-los tendo por metodologia a análise do discurso foucaultiana aliada a uma perspectiva desestabilizadora dos estudos queer, sendo possível nos depararmos com enunciados discursivos que apontam para um entendimento ambíguo sobre o que é o sexo, o gênero e a sexualidade, onde concepções essencialistas e biologizantes são predominantes, mas dividem espaço com entendimentos mais culturais sobre essa mesma matriz. Nos foi possível também verificar que predomina ainda fortemente o dualismo entre conhecimento e ignorância e uma concepção de educação humanista que visa uma “inclusão” dos corpos abjetos e monstruosos, desconsiderando que, muitas vezes, a diferença não deseja necessariamente ser incluída.