Epidemiologia baseada em águas residuais como estratégia para monitoramento comunitário, mapeamento de focos emergentes e elaboração de sistemas de alerta precoce para SARS-CoV-2
A pandemia de coronavírus tem causado mortes em todo o mundo, principalmente devido a sua fácil disseminação através do contato e por tratar-se de um vírus respiratório. Estudos indicam a presença do RNA do vírus nos sistemas de coleta de águas residuais, tendo em vista que um indivíduo contaminado elimina o vírus através das fezes e da urina. O monitoramento e a quantificação do vírus SARS-CoV-2 nas águas residuais possibilita contabilizar também casos assintomáticos da doença e auxilia na gestão pública da pandemia. Assim, o objetivo desta pesquisa é realizar o mapeamento epidemiológico do vírus SARS-CoV-2 no sistema de águas residuais de regiões específicas do Grande ABC – SP. As amostras coletadas foram concentradas através de precipitação com PEG 8000 e centrifugação, o RNA foi extraído com kit de extração e a detecção e quantificação do vírus foi realizada através de RT-qPCR em tempo real. Os resultados foram utilizados para gerar um mapeamento georreferenciado espacial e temporal da propagação do vírus visando auxiliar no monitoramento do comportamento do vírus na região. Também foi possível verificar um padrão de antecipação do comportamento dos casos clínicos em até 2 semanas. A metodologia mostrou-se capaz de auxiliar no monitoramento epidemiológico da região, porém existem ainda algumas vertentes a serem exploradas como o sequenciamento genético do vírus e a existência de uma correlação entre a concentração viral detectada nas águas residuais e as características físico-químicas do efluente.