POTENCIAL MITIGAÇÃO DA MUDANÇA CLIMÁTICA A PARTIR DA ADOÇÃO DE NOVOS HÁBITOS NA CIDADE DE SÃO PAULO
No que concerne à mudança climática, não só ações governamentais e empresariais fazem parte da sua mitigação, mas comportamentos da sociedade civil em direção a estilos de vida de baixo carbono são essenciais. Diante da falta de dados sobre a participação social no combate à mudança do clima, este trabalho destaca a importância da adoção de práticas, à primeira vista rotuladas como menos relevantes, no combate à crise climática e tem como objetivo estimar a potencial redução da pegada de carbono de um paulistano a partir da adoção de mudanças de comportamento como forma de mostrar a relevância dos impactos de padrões de consumo individuais sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Através de uma revisão bibliográfica e do uso de ferramentas de inventários de ciclo de vida (Exiobase e Ecoinvent), foram coletados dados sobre a intensidade de consumo de produtos e serviços pelos habitantes da cidade de São Paulo nos domínios de alimentação, bens de consumo, habitação, lazer, mobilidade e serviços e sua respectiva emissão de GEE. E esta pesquisa foi combinada com entrevistas em profundidade com a população para definir mudanças de comportamento capazes de reduzir a pegada de carbono dos indivíduos da região. Os resultados mostraram que comportamentos que visam a redução direta do consumo, como economia de água e energia, são as práticas mais viáveis entre os participantes da pesquisa, e que a adoção de novos hábitos na fase de uso dos produtos e serviços é mais comum que comportamentos de compra e descarte. A aplicação da metodologia do estudo mostrou que, se adotados hábitos de baixo carbono, a potencial redução da pegada de carbono para um paulistano é de 46,87% - ou seja, este percentual reflete a diferença entre a pegada de carbono média atual e reduzida dos paulistanos, cujos resultados encontrados pelo presente estudo são respectivamente 4,16 e 2,2 tCO2e/ano. A pegada de carbono individual atual média dos paulistanos (4,16 tCO2e/cap.ano) é similar à média global (4,0 tCO2e/cap.ano), mas há necessidade de adoção de hábitos menos intensivos em carbono para que este valor se torne consistente com o que a literatura estabelece de que, para que a meta do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2ºC até o final do século seja cumprida, a pegada de carbono média deve ser reduzida a 2,0 tCO2e/cap.ano até 2050. Assim, o estudo estimou que, se adotados comportamentos de baixo carbono na cidade de São Paulo, a pegada de carbono média anual no município pode ser reduzida a 2,2 tCO2e.cap.ano, o que é condizente com a meta do Acordo de Paris.