Presença, abundância e tipos
de microplásticos no solo
Em estudos sobre microplásticos, é comum investigá-los em ambientes aquáticos, avaliando os impactos ambientais deles decorrentes. Entretanto, apesar dos avanços sobre o tema, há poucas informações a respeito deste tipo de contaminação no compartimento ambiental solo, devido à complexidade e heterogeneidade da matriz ambiental. Assim, o escopo desse trabalho foi realizar um estudo em três parques da cidade de Santo André (SP) e compará-los com o aterro da cidade, buscando determinar a presença, abundância e tipos de plásticos e microplásticos nestes ambientes terrestres, explorando a correlação das semelhanças e diferenças dos fragmentos encontrados. Foi realizada a coleta de amostras do solo em sua superfície e a 20 cm de profundidade de cada local amostrado; a separação dos resíduos plásticos foi realizada dissolvendo a matriz orgânica ambiental em solução aquosa, por um processo de oxidação. Em seguida, as amostras de macro e microplásticos foram submetidas a identificação por espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Os resultados de FTIR revelaram que os tipos de plástico mais abundantemente encontrados nos parques foram polipropileno, poli(tereftalato de etileno) e polietileno, nos locais e sob os perfis de profundidade selecionados. Pela análise da abundância foi possível detectar a presença de microplásticos (MPs) na proporção de 1,4 e 2,4 fragmentos de microplásticos para cada kg de solo coletado, para o parque Celso Daniel e aterro, respectivamente. Esses resultados demonstram que o aterro, assim como o parque apresentam elevadas quantidades de MPs no solo, o que é considerado um sério problema ambiental, com alto risco de toxicidade para a saúde dos seres vivos. Além disso, observa-se, de maneira geral, que um maior número de microplásticos foi encontrado quando as amostras de solos foram retiradas à profundidade de 20 cm. Os resultados desse estudo também permitem afirmar que no Parque há uma maior abundância de MPs na superfície e a 20 cm de profundidade do solo, por conta do maior fluxo de frequentadores do Parque. Foi observado que, nos locais com menor assiduidade de visitantes, a vegetação encontra-se mais preservada e, no local com menor frequência de limpeza observa-se, de forma parcial, descarte incorreto de macro e microplásticos, com maior intensidade de degradação desses resíduos.