Efeito da arborização viária e das áreas verdes sobre a temperatura da região metropolitana de São Paulo
Áreas urbanas tendem a apresentar temperaturas mais elevadas e uma diminuição na umidade relativa. Atualmente, existem poucos estudos que relacionam os benefícios de áreas verdes urbanas em função de sua densidade, distribuição espacial e o quanto isso influi no efeito da alteração térmica do entorno. Neste cenário, é essencial compreender melhor a relação entre a presença da arborização urbana, áreas verdes e edificações na cidade a fim de subsidiar o planejamento de políticas públicas que maximizem os benefícios para a população no que diz respeito à mitigação das ilhas de calor. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da arborização viária, da presença de áreas verdes e da densidade de construções sobre a temperatura da região metropolitana de São Paulo. Foram analisados dados de temperatura diária de 2012 a 2017 considerando todo o período, e separadamente as estações frias e quentes, e foi adotada uma abordagem de seleção de modelos lineares mistos generalizados nos quais a temperatura média diária e a variância da temperatura diária foram variáveis respostas. Como covariáveis foram usadas medidas que refletiam a quantidade e arranjo espacial da arborização viária, das áreas verdes e das construções. Os efeitos das variáveis são diferentes entre os períodos quentes e frios. Na época fria a vegetação e a densidade de construções não apresentaram efeito significativo sobre a temperatura. Na época quente a presença de áreas verdes apresentou efeito significativo, porém a arborização viária e a densidade de construções não influenciaram a temperatura. Na época quente a quantidade de áreas verdes apresenta efeito negativo sobre a temperatura, sendo que este efeito é melhor detectado em um raio de 500 m. O poder público deve priorizar a criação de parques e praças de maneira bem distribuída pela RMSP, evitando grandes extensões sem áreas verdes, para mitigar possíveis efeitos de onda de calor e proporcionar temperaturas mais baixas nas estações quentes.