MEMÓRIA SEMÂNTICA DE VERBOS NO ENVELHECIMENTO NORMAL: CORRELATOS NEURAIS E A TEORIA DA COGNIÇÃO INCORPORADA
O presente trabalho se propõe a investigar o efeito do envelhecimento típico em uma tarefa de decisão lexical e em uma tarefa de julgamento semântico envolvendo verbos de ação com pouco, médio e muito movimento. As tarefas foram feitas, respectivamente, por 80 e 68 participantes, divididos entre jovens e idosos, todos cognitivamente saudáveis, e o desempenho linguístico entre os grupos foi analisado. Comparar o processamento linguístico e o desempenho entre os grupos é importante para melhor compreender mudanças relativas à neuroplasticidade, delimitando e categorizando o que seriam as manifestações linguísticas relacionadas aos efeitos patológicos daquelas decorrentes do envelhecimento tido como típico, corroborando ou refutando, nestes casos, os argumentos de que a memória semântica não sofre prejuízos no envelhecimento. Na tarefa de decisão lexical, as variáveis tempo de reação e respostas corretas foram analisadas por meio de modelos lineares generalizados mistos (GLMM). Na tarefa de julgamento semântico, as mesmas variáveis foram analisadas por meio de análise de covariância (ANCOVA). Os resultados apontam para um aumento do tempo de resposta de acordo com a idade, independente da tarefa, sugerindo, portanto, que: (a) o processamento linguístico sofre uma típica lentificação geral ao longo do envelhecimento e (b) há influência de fatores psicolinguísticos relacionados à quantidade de movimento e especificidade verbal no processamento cognitivo de verbos de ação.