Duração absoluta e duração relativa em tarefas de discriminação temporal: evidências de potenciais relacionados a eventos
A percepção de intervalos temporais é um dos aspectos que permite a organização da percepção e do comportamento. Esta habilidade é comumente investigada usando-se tarefas de discriminação de pares de intervalos temporais. Porém, nosso entendimento dos mecanismos subjacentes ao processamento temporal é limitado pela ausência de correlatos neurais claros e por complicações metodológicas. Nesta tese, investigamos os correlatos neurais associados à discriminação de intervalos temporais em tarefas de categorização temporal. Em dois experimentos psicofísicos com eletroencefalografia, estudamos os sinais neurais durante e logo após a apresentação de um intervalo alvo a ser comparado com um intervalo de referência. Investigamos se os potenciais eletroencefalográficos se relacionavam com a duração absoluta e/ou com as categorias (duração relativa) dos intervalos. No primeiro experimento, os voluntários precisavam aprender um intervalo de referência escondido a partir de suas respostas de categorização. A duração e a categoria dos intervalos foram preditores significativos da amplitude pós-alvo do N200 e de um potencial tardío positivo (LPC). No segundo experimento, utilizamos uma tarefa de categorização temporal tradicional, mas com o cuidado de tornar a duração dos intervalos e suas categorias independentes. Mais uma vez, encontramos efeitos nos potenciais N200 e LPC pós-alvo: categoria apresentou um forte efeito em ambos os potenciais, ao mesmo tempo que duração apresentou um efeito mais sutil. Em conjunto, nossos resultados apontam para a categorização temporal como um processo de alta flexibilidade e com processamento neural paralelamente associado à duração relativa e absoluta dos intervalos desde instantes precoces da tomada de decisão