A EVOLUÇÃO DE SINAIS SOCIAIS DE FÊMEAS E MACHOS E DO DIMORFISMO SEXUAL EM THAMNOPHILIDAE AVES: PASSERIFORMES): Padrões e processos
A seleção social, atuando tanto pela competição por recursos sexuais (e.g., parceiros/as sexuais) como por recursos não-sexuais (e.g., territórios), pode promover a evolução de sinais sociais e a especiação. Tradicionalmente, estudos focaram em sinais sociais de machos para investigar a evolução do dimorfismo sexual e a especiação sob a premissa de que sinais sociais de fêmeas não eram funcionais ou eram menos desenvolvidos do que nos machos. No entanto, fêmeas de diversas espécies também apresentam sinais sociais funcionais, mas a relação dos sinais sociais de fêmeas com a evolução do dimorfismo sexual e a especiação é pouco estudada. Abordei essa lacuna de conhecimento usando como modelo os papa-formigas (Aves: Thamnophilidae), um grupo no qual, em muitas espécies, ambos os sexos usam sinais sociais acústicos e visuais – exibições de cantos e plumagem – na competição social. Espécies de papa-formigas variam desde sexualmente monomórficas até altamente dimórficas nos cantos e coloração da plumagem, tornando papa-formigas um excelente sistema para investigar a evolução de sinais sociais de fêmeas e machos e do dimorfismo sexual. Esta tese foi dividida em três capítulos. No capítulo 1, realizei experimentos em campo simulando invasões territoriais para testar a hipótese de que a ornamentação da plumagem de papa-formigas está positivamente correlacionada com a intensidade das respostas territoriais agressivas de fêmeas e machos. Corroborei esta hipótese apenas para fêmeas, o que sugere que a ornamentação da plumagem media a competição social por territórios e, possivelmente, por parceiros sexuais nas fêmeas. Já nos machos, a ornamentação da plumagem provavelmente não está associada à competição territorial, podendo evoluir por outros fatores como, por exemplo, escolha das fêmeas. No capítulo 2, investiguei a associação do dimorfismo sexual com a sazonalidade climática, fator que pode restringir a disponibilidade de recursos e intensificar a competição social. Observei que espécies com menor dimorfismo sexual e maior elaboração de sinais sociais em fêmeas e machos estão associadas à maior sazonalidade climática, o que indica que ambientes onde a competição social é mais intensa podem favorecer a evolução de sinais sociais em ambos os sexos. No capítulo 3, testei e corroborei a hipótese de que as taxas de evolução de sinais acústicos e visuais de ambos os sexos e do dimorfismo sexual estão correlacionadas com as taxas de especiação em papa-formigas, dando suporte a um papel da seleção social na especiação. Ao investigar processos que explicam a evolução de sinais sociais tanto em fêmeas quanto em machos, este trabalho mostra que sinais sociais de ambos os sexos são relevantes para compreender a evolução do dimorfismo sexual e o papel da seleção social na especiação.