Desenvolvimento de método de single particle ICP-MS para o dimensionamento de nanopartículas de prata em matrizes biológicas
A nanotecnologia tem apresentado um grande avanço nas ultimas décadas, estando presente em diversos produtos e componentes da sociedade contemporânea, onde os nanomateriais podem ser definidos como uma suspensão onde 50% de seus componentes são encontrados em uma escala de de 1-100 nm em pelo menos uma dimensão. Dentre os tipos de nanomanteriais, podem ser descritos os baseados em Carbono, como o Grafeno e os nanotubos de carbono; os de base orgânica como como Lipossomos e nanopartículas proteicas, e os de base inorgânica, como os Quantum-dots e as nanopartículas metálicas, onde as Nanopartículas de Prata, AgNPs são encontradas. As aplicações das AgNPs vão desde pesticidas, aditivos alimentares, produtos de cosméticos e componentes eletrônicos por exemplo. Apesar de possuírem uma presença já consolidada no mercado, os efeitos toxicológicos e ambientais dessa exposição são desconhecidos, e esses estudos apresentam-se então estritamente necessários, porém, as técnicas analíticas tradicionais para o monitoramento de nanopartículas, como a Dispersão de Luz Dinânica, a Microscopia de Forca Atômica e a análise por Sedimentação Centrífuga Diferencial apresentam algumas desvantagens relacionadas as interferências causadas pelas matrizes, um baixo limite de detecção e uma baixa frequência analítica. Nesse caso, a Espectrometria de Massas Acoplada Indutivamente ao Plasma, ICP-MS, uma técnica analítica amplamente aplicada para a detecção e quantificação de metais em diversas matrizes, e que apresenta os mais baixos limites de detecção para as técnicas de análise de metais, tem se mostrado em complemento como uma nova ferramenta para detecção, medição e quantificação de nanopartículas metálicas, pela sua operação através do método Single Particle, onde é considerado que em cada evento de detecção, um único agregado de NPs é detectado, e esse evento então é relacionado ao seu tamanho e concentração. Neste estudo, foi observada a influência das matrizes humanas: saliva, suor, urina e plasma sanguíneo, na detecção e medição de AgNPs comerciais. Primeiramente foi observada que uma diluição das matrizes de 20-vezes, a mesma utilizada para testes clínicos de plasma e urina, foi capaz de permitir a detecção das AgNPs e seu dimensionamento. Em segundo lugar, foi observado o comportamento das AgNPs nas matrizes em diferentes concentrações: entre 0.1 e 2 mg L-1, o material apresentou uma baixa degradação e uma boa detecção, e entre 5 e 10 mg L-1 o material apresentou uma grande degradação e e por consequência uma baixa detecção; foi também observado que as AgNPs apresentaram comportamentos diferentes nas matrizes, devido a suas diferentes composições: plasma sanguíneo e saliva geraram uma agregação, urina não afetou seu tamanho e suor fez com que as nanopartículas tivessem tamanho reduzido. Em terceiro lugar, foi observado que as preparações de urina e plasma puderam ser estocadas em -5C por até 7 dias, para análises futuras, sendo compatíveis com procedimentos de testes clínicos, onde as amostras quase em nenhum caso podem ser analisadas no mesmo evento de coleta.