NOX2 regula a epileptogênese na epilepsia do lobo temporal
Está amplamente estabelecido que a epilepsia do lobo temporal (ELT) está frequentemente relacionada ao estresse oxidativo e à neuroinflamação. Ambos os processos acompanham as alterações observadas na epileptogênese e, em última análise, envolvem classes distintas de células, incluindo astrócitos, micróglia e subtipos neurais específicos. Por esse motivo, moléculas associadas à resposta ao estresse oxidativo e à neuroinflamação têm sido propostas como alvos potenciais para estratégias terapêuticas. Portanto, o principal objetivo deste estudo é avaliar a contribuição do complexo enzimático NOX2 no estado de mal epiléptico e nos estágios iniciais da epileptogênese no modelo de ELT induzida por ácido caínico e estado de mal epiléptico induzido por pentilzenotrelona (PTZ). Neste estudo, foram necessários camundongos machos da linhagem C57BL/6 ou Wild Type (WT) e camundongos machos da linhagem NOX2 (nome popular) ou Cybbtm1Din provenientes do biotério da Universidade Federal do ABC (CEUA-UFABC: 7873070722 ). Para determinar os níveis de espécies reativas oxidativas (ROS) nas duas cepas, foram utilizadas medidas de oxidação de proteínas e lipídios. Culturas primárias de células hipocampais de camundongos C57BL/6 e NOX2 foram realizadas para avaliar a viabilidade celular após exposição ao ácido caínico, um agonista do receptor cainato. Para avaliar a pontuação comportamental das crises, PTZ foi utilizado, induzindo estado de mal epiléptico em camundongos C57BL/6 e NOX2 KO. Para determinar a concentração de citocinas pró e anti-inflamatórias 2h e 96h após o início do SE induzido por ácido caínico em camundongos C57BL/6 e NOX2 KO, foi utilizado um ensaio multiplex. Por meio de imuno-histoquímica, foram analisados os efeitos de NOX2 KO sobre astrócitos e degeneração do hipocampo 2h e 96h após o início do SE induzido por ácido caínico. Os resultados demonstraram que os camundongos NOX2 KO são mais resistentes ao PTZ induzido pelo status epilepticus; também foi observada menor degeneração celular em camundongos NOX2 KO. Além disso, os resultados mostraram que os fatores neuroinflamatórios são regulados de forma diferente em camundongos C57BL/6 e NOX2, conforme demonstrado nas análises de citocinas pró e anti-inflamatórias. Essa regulação também depende da evolução da doença. A partir desses achados, observa-se que a neuroinflamação desempenha papel crucial na instalação e desenvolvimento da ELT; além disso, o mecanismo de evolução dessa doença é codependente das ERO. Ao neutralizar o aspecto funcional do NOX2, um dos principais geradores de ERO, é possível observar uma melhora nas taxas de liberação de fatores neuroinflamatórios, na neurodegeneração e no comportamento das crises epilépticas. Em conclusão, este estudo pode trazer novos insights sobre alvos celulares e moleculares no tratamento de pacientes refratários à medicação disponível.