POLÍTICA EXTERNA E MEIO AMBIENTE NO GOVERNO BOLSONARO E O ACORDO MERCOSUL UNIÃO EUROPEIA
Esta pesquisa tem como objeto as políticas externa e ambiental do governo Bolsonaro e as pressões feitas pela União Europeia nessa temática. O pano de fundo é a contradição entre a política neoliberal e de desmatamento (espoliação dos recursos naturais) no Brasil e as chamadas políticas do Pacto Verde Europeu. Interessa-nos investigar as ameaças de sanções econômicas e de boicotes comerciais tendo em vista a ratificação do acordo Mercosul-União Europeia. Para isso, utilizaremos o referencial teórico poulantziano de bloco no poder, buscando entender os possíveis efeitos pertinentes das ações desses Estados para a política e para a burguesia brasileira, especialmente para o agronegócio. Também utilizaremos o referencial teórico sobre capitalismo expandido de Nancy Fraser, para atentar à emergência do conflito suscitado pela crise climática. A pesquisa se propõe a investigar as relações do agronegócio com as políticas de desmatamento e de comércio internacional do governo Bolsonaro face às pressões externas. Como metodologia, propõe-se o uso da técnica de análise de conteúdo tendo como fonte os documentos e declarações das associações patronais do setor em tela. A hipótese defendida é a de que as pressões para a adoção de políticas ambientais afetam os interesses político-econômicos da burguesia brasileira e intensificam o fracionamento no setor do agronegócio brasileiro. A disputa entre os diferentes segmentos que compõem o setor do agronegócio, em especial, o setor produtor e o setor de comércio, revelam que há diferentes formas de reagir às pressões da UE e de lidar com a política externa e de meio ambiente do governo Bolsonaro.