Feminismo ao sul da fronteira: o papel e a integração do feminismo popular
na construção da “primavera das mulheres” latino-americanas
Este trabalho parte da emergência de movimentos de mulheres que se voltam
contrariamente aos aspectos do avanço neoliberal, constituindo grandes
manifestações feministas no contexto do sul global. Dada a amplitude do termo
“Feminismo do Sul”, toma-se, aqui, em específico, o feminismo que se desenvolveu
na América Latina e Caribe, com enfoque sobre Brasil, Argentina e Chile, países nos
quais se produziram movimentos síncronos de contestação, muitos de caráter
altermundialista, influenciando-se mutuamente no desdobrar da denominada
“primavera das mulheres”, de 2015 a 2019. Busca-se, para tanto, saber como se
estabelecem as conexões, as especificidades e as pautas de uma parte do
feminismo latino-americano, que tem sido lida sob o rótulo de “feminismo popular”. A
análise partiu de organizações influentes na região, como a Marcha Mundial das
Mulheres e o Ni Una Menos. Do ponto de vista metodológico, foram feitas análises
de publicações oficiais dos movimentos estudados, encontrados em periódicos,
portais digitais, além de seus manifestos. Buscou-se a reconstrução de uma história
feminista do Sul, suas conexões e perspectivas, somando-se à realização de
entrevistas semi-estruturadas síncronas ou por meio de formulário com integrantes
de organizações influentes na América Latina. A intenção foi pôr em diálogo
demandas, posicionamentos e experiências, visando identificar traços em comum e
especificidades que demarcam os feminismos latino-americanos.