CLASSE MÉDIA, AMERICANISMO E DEPENDÊNCIA NA POLÍTICA EXTERNA
DO GOVERNO BOLSONARO (2019-2022)
Esta pesquisa propõe-se a analisar a política externa adotada durante o governo de Jair Messias
Bolsonaro (2019-2022), partindo da ideia de que houve realinhamento no bloco no poder e um
retorno da política externa brasileira à subordinação passiva ao imperialismo. O objetivo
central é responder de que forma a alta classe média brasileira e sua ideologia reforçaram
a dependência do Estado brasileiro frente ao imperialismo durante o governo Bolsonaro.
Desta forma, considerando que a frente neoliberal ortodoxa é composta pelo capital externo,
pela alta classe média e pela burguesia associada ao imperialismo e que esta última apresentou-
se como classe dominante no bloco no poder durante o governo Bolsonaro, conjectura-se as
seguintes hipóteses: I. a alta classe média brasileira, cuja ideologia meritocrática se radicalizou
mediante à conjuntura política dos governos anteriores transformando-se em americanismo e
manifestando-se pelo anticomunismo, teria se tornado a classe reinante e detentora do Estado
durante o governo Bolsonaro; II. enquanto classe reinante e detentora do Estado, a alta classe
média teria ocupado, respectivamente, lugares dominantes na cena política e nas cúpulas da
estrutura estatal e com isso teria penetrado sua ideologia americanista no seio do burocratismo
estatal institucionalizando-a; III. como a alta classe média configura grande parte da base
eleitoral de Bolsonaro, o governo pretendia agradar sua base defendendo interna e
externamente a maior expressão da ideologia americanista da alta classe média: o
anticomunismo; IV. portanto, o americanismo tornou-se não apenas a ideologia da alta classe
média, mas a ideologia de todo um governo e, consequentemente, de sua respectiva política
externa, reforçando, assim, a dependência do Estado brasileiro frente ao imperialismo. Para tal
análise, contaremos com revisão bibliográfica e pesquisa empírica, analisando notícias,
entrevistas e postagens em redes sociais. O arcabouço teórico-conceitual desta pesquisa
sustenta-se em dois grandes pilares: o Marxismo e a Análise da Política Externa brasileira.