COMIDA E RESISTÊNCIA, A ECONOMIA POLÍTICA DA FOME: um estudo de caso sobre os Guarani Mbyá aldeados na TI Jaraguá em São Paulo
Nesta pesquisa, buscou-se verificar os índices de insegurança alimentar da comunidade de etnia Guarani Mbya que vivem na Terra Indígena Jaraguá por meio do uso da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Também se verificou, por meio de entrevistas quantitativas e qualitativas, como é a relação desta população com sua agricultura tradicional. Com o aumento dos índices de insegurança alimentar no Brasil e no mundo e as mudanças climáticas em curso, a busca por sistemas alimentares sustentáveis e resilientes aumentou; logo, os sistemas alimentares dos povos indígenas entraram na pauta dos órgãos internacionais e governos que buscam alternativas para o sistema alimentar atual baseado na agroindústria e na monocultura. Isso abre novas possibilidades para a valorização cultural dos sistemas alimentares dos povos indígenas de todo o mundo e indica uma possível mudança de paradigma no sentido de reconhecer seus saberes tradicionais como fundamentais para mudar a maneira como as sociedades contemporâneas se relacionam com a natureza e o meio ambiente. As populações indígenas estão dentre as mais vulneráveis no Brasil, pois com a degradação do meio ambiente e as disputas por territórios, elas ficam cada vez mais confinadas a pequenos espaços e sem acesso aos recursos naturais necessários para garantir sua sobrevivência. No caso dos Guarani Mbyá que vivem na Terra Indígena Jaraguá, a proximidade com a cidade dificulta ainda mais a manutenção de seu modo de vida nhanderekó, assim como o pequeno território dificulta as práticas de agricultura tradicional, de importância fundamental para sua cultura, e fonte de alimentos nutritivos e de qualidade. Dessa forma, sua segurança alimentar é comprometida, já que dependem da compra em supermercados e de doações para conseguirem se alimentar.