A SEDUÇÃO DAS MÍDIAS DIGITAIS: UM DESAFIO A MAIS PARA O EXERCÍCIO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO NAS SALAS DE AULA DE ENSINO MÉDIO, NA ERA DIGITAL
A pesquisa em desenvolvimento assume como pressuposto inicial, o diagnóstico empreendido pela filósofa Marilena Chaui, presente em Simulacro e Poder: uma análise da mídia (2006), acerca das manobras de sedução utilizadas pela Indústria Cultural, visando capturar a atenção do consumidor, e dos efeitos de tais estratégias sobre jovens em idade escolar. Cabe perguntar, no cenário contemporâneo da Sociedade em Rede, de que maneira os estudantes do Ensino Médio, rotulados como ‘nativos digitais’, hiperconectados, bombardeados incessantemente por um excesso de estímulos provenientes de seus smartphones, habituados ao regime de atenção dispersa e pouco afeitos ao tédio, relacionam-se, no percurso final de seu processo de formação escolar na Educação Básica, com o exercício de um tipo de reflexão que requer uma atenção não fragmentada e uma disposição para contemplar o mundo. Trata-se, portanto, de discutir o papel desempenhado pela sedução das mídias digitais, na era digital e do capitalismo tardio, sobre o exercício do pensamento filosófico de estudantes do ensino médio, a partir da experiência docente em uma escola da rede privada de educação básica do Estado de São Paulo. Para cumprir o propósito almejado, a pesquisa se valeu de contribuições teóricas de filósofos, críticos culturais, sociólogos, dentre outros, como Byung-Chul Han, Jonathan Crary, Manuel Castells, incorporando, também dados empíricos, como os disponibilizados pelo relatório da Microsoft Canada (2015) sobre os níveis atingidos de nossa atenção no século XXI, bem como as análises realizadas pelo neurocientista, Michel Desmurget, acerca da exposição contínua de crianças e jovens a diferentes tipos de telas, dentre elas, às dos smartphones. Articulado ao referencial teórico, a pesquisa explorou, junto aos estudantes de ensino médio, os desafios implicados para o ensino de filosofia na contemporaneidade, em um cenário de colapso da atenção, por meio do produto educacional desenvolvido: o café filosófico.