ENSINO DE FILOSOFIA E EXPERIÊNCIA: AULAS FILOSÓFICAS E A POSSIBILIDADE DE FORMAÇÃO DE UM “SABER DA EXPERIÊNCIA”
O presente trabalho busca refletir sobre a possibilidade de um ensino filosofia a partir de aulas filosóficas, que possam fomentar a formação de um “saber da experiência”. Esta proposta é uma resposta às políticas educacionais neoliberais que se difundem por todo o mundo. Com a promessa de um ensino inovador, o modelo escolar neoliberal é organizado sob o signo da “pedagogia das competências” e tem como objetivo maior a formação de “capital humano”. Neste sentido, a escola que historicamente ambicionava a emancipação, a formação cultural e política, empenha-se agora na produção de conhecimentos que possam ser convertidos em capital. No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular sacralizou a inserção das demandas e valores neoliberais na educação básica do país. A flexibilização do ensino, expressa em um modelo de “pedagogia não diretiva”, corrobora para a precarização do ensino e fragiliza o ensino de filosofia, uma vez que retira a obrigatoriedade de sua presença no ensino médio e determina de modo extremamente vago que os saberes filosóficos sejam incorporados na formação geral básica. Diante desta conjuntura, de instabilidade e incerteza para a filosofia e seu ensino, pensar sobre possibilidades de um ensino filosófico se constituiu para mim como uma necessidade filosófica. O incômodo gerado pelas novas políticas públicas educacionais e a abertura para pensar o ensino de filosofia no Programa de Mestrado Profissional em Filosofia (PROF-FILO) proporcionaram a este professor-pesquisador uma experiência de pensar filosoficamente sobre essa problemática. Para além de refletir acerca dos impactos do neoliberalismo na educação básica brasileira, nesta dissertação apresento ao(à) leitor(a) o movimento de pensamento que resultou na elaboração de um sentido, expresso pelo esboço de minha concepção filosófica acerca do ensino de filosofia, e também na proposta de um material didático para turmas do segundo ano do Ensino Médio, que não objetiva à formação de saberes rentáveis, mas que incentiva a experiência filosófica a partir da leitura, escrita, conversação e pensamento.