FINANCEIRIZAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO: UM ESTUDO A PARTIR DA MAXIMIZAÇÃO DO VALOR DO ACIONISTA
Este trabalho visa compreender como o setor elétrico brasileiro (SEB) está inserido no processo de financeirização. Para isso, o estudo utilizou-se de fontes qualitativas e quantitativas. Primeiramente, por meio de uma revisão bibliográfica, o embasamento teórico a respeito do processo de financeirização e da conjuntura histórico-econômica do SEB será ampliado.
A financeirização trata-se de um processo abrangente, capaz de induzir diferentes fenômenos dentro das economias nacionais, desde a mudança do regime de acumulação de capital, até mesmo nas relações gerenciais internas das firmas. Por se tratar de um processo abrangente e utilizando-se de Palludeto & Felipini (2019), a abordagem escolhida para este trabalho foi de crítica à maximização do valor do acionista (MVA). Assim, permitindo identificar quais os possíveis efeitos, políticas e estratégias verificadas estão relacionas as premissas de MVA.
Devido a centralidade que o setor elétrico tem no processo de desenvolvimento, no Brasil, criou-se uma estrutura complexa composta por diferentes instituições (de natureza tanto pública, quanto privada), a fim de conciliar os interesses de todas as partes interessadas. Seu estudo possibilitará a criação a interpretação de como os diferentes comportamentos presentes nos dados dessas empresas possam se relacionar com episódios como a privatização das concessionárias de energia, a liberalização do comércio de energia e além mesmo as políticas de incentivo à instalação de placas fotovoltaicas.
Diante desse cenário, as mudanças estruturais do SEB podem ter impactos diretos e indiretos sobre a população brasileira, desde aumento nas faturas de energia elétrica, até mesmo em intermitências no processo de distribuição de energia, prejudicando a disponibilidade de serviços básicos e, por que não, um componente mais protuberante sobre a inflação. A fim de visualizarmos como o SEB está desempenhando nessa conjuntura, será utilizado uma série de informações disponibilizadas por instituições públicas (Aneel, CCEE e ONS) e privadas (CPFL Energia, Eletrobrás e Equatorial Energia). Para assim buscaremos se a premissa de MVA estaria, de certa forma, interferindo nas tomadas de decisão do SEB, principalmente nas estratégias de dividendos e investimentos.