A TRAJETÓRIA DOS OCUPANTES: As relações entre trabalho e moradia no Centro de São Paulo
A conjuntura do mundo do trabalho é uma pauta latente no campo da economia política dos países latino-americanos, marcada pela exploração da mão-de-obra, pela perda dos vínculos trabalhistas, a flexibilização das relações laborais frente aos avanços tecnológicos e a geração de valor financeiro sob o produto e não sob o trabalhador. Essa lógica também emerge no campo dos estudos urbano, especialmente no que se refere às condições de moradia da população de baixa renda, sob as perspectivas da propriedade, da seguridade e da habitabilidade Somada à insegurança habitacional e à necessidade de obtenção de renda diária para a sobrevivência do trabalhador, esta pesquisa tem como tema a relação entre trabalho e moradia no contexto do espaço urbano, dando foco nas formas de morar dos sujeitos que integram movimentos sociais. Com recorte de caso ao centro de São Paulo, o estudo qualitativo acontece em um contexto de pesquisa-ação com suporte de uma série de entrevistas nas ocupações de edifícios do Movimento de Moradia Central e Regional (MMCR), analisando como este movimento social e o seu processo autogestionário interferem na reprodução da vida cotidiana dos trabalhadores precarizados. O objetivo do estudo é identificar a forma como a moradia e o trabalho estruturam as esferas da vida dos sujeitos que habitam e depende dos espaços das Ocupações. Os resultados apresentados mostram a potencialidade da organização popular na luta por moradia, com a criação de espaços que lidam com a superexploração de trabalhadoras e chefes de famílias; além disso, são retratadas as precariedades existentes nesse confronto.