Trabalhadores Ambulantes no Centro de São Paulo, trajetórias, exclusão e resistências nos territórios.
O comércio ambulante esteve presente na paisagem urbana desde o processo de transição entre o trabalho escravo e o trabalho livre, no fim dos século XIX, na cidade de São Paulo. Assim, para as populações pretas e pobres ocupar as ruas quase sempre constituiu-se como um ato de rebeldia associado à necessidade de sobrevivência, sobretudo para as mulheres trabalhadoras, submetidas aos crueis mecanismos de espoliação urbana. A pesquisa propõe realizar um olhar crítico e imersivo sobre os processos históricos recentes associados à lutas, resistências e construção de pautas dos trabalhadores ambulantes atingidos por processos de remoção e outras formas de violência, impactados pela ausência de políticas públicas no meio urbano. Considerando a gigantesca quantidade de trabalhadores e seu espraiamento por diversos territórios de mercado popular na capital de São Paulo, a pesquisa busca ainda, compreender as conexões entre as lutas pelo direito de ocupar o espaço público na perspectiva de geração de renda, as formas de organização dos trabalhadores, identificando as ameaças presentes no território. Este trabalho busca também entender as demandas, as formas de lutas e organização dos trabalhadores ambulantes na perspectiva da ausência de interlocução entre direito ao trabalho e do direito à cidade, em meio aos processos de desregulamentação presentes, visando compreender como sobrevivem estes milhares de trabalhadores e suas dinâmicas nos territórios de mercado popular. Adotou-se a abordagem metodológica da pesquisa-ação uma vez que o pesquisador está profundamente implicado com o processo de organização dos trabalhadores ambulantes em São Paulo a partir de seu papel de educador e advogado popular, onde vem convivendo desde 2014 com este segmento.