Nem tudo era japonês: insurgência e protagonismo negro-indígena no bairro da Liberdade
O foco da pesquisa são as disputas territoriais e narrativas sobre o bairro paulistano da Liberdade, a partir do afloramento de ações e discursos de afirmação do protagonismo negro-indígena em um território reiteradamente marcado como exclusivamente “japonês” ou “oriental”. Esse processo de caracterização da Liberdade como bairro “japonês” ou “oriental” atua para o apagamento da memória, da presença e das identidades negro-indígenas no território, de forma equivalente ao apagamento destes mesmos grupos cem anos antes, período no qual planos de embelezamento urbano varreram os vestígios da cidade colonial para apresentar uma imagem da cidade branca e europeia. O fio condutor da pesquisa são os achados arqueológicos no sítio do Cemitério dos Aflitos, as memórias subterrâneas do samba na Liberdade, a evocação de fatos históricos relacionados ao protagonismo negro-indígena no bairro por roteiros de memória e, por fim, o embate atual entre o poder público municipal, com suas estratégias de participação popular controlada, e o movimento social insurgente, que demanda participação de fato.