UM CAMPO TRANSCENDENTAL SEM SUJEITO: Fundamentos ontológicos para uma ética da liberdade
A fenomenologia sartreana não se limita a uma descrição epistemológica, mas introduz um desvio que a orienta em direção a uma ética. Partindo de Uma Ideia Fundamental da Fenomenologia de Husserl: A Intencionalidade e A Transcendência do Ego, nos interessa analisar como Sartre, desde seus primeiros escritos, ao considerar suficiente a definição da consciência pela intencionalidade, nega a presença de um ego substancial que a anteceda ou de qualquer outra estrutura prévia à experiência do existir e faz disso o fundamento ontológico de suas preocupações morais e políticas. Nossa investigação percorre a crítica de sartreana ao idealismo e ao realismo, sua radicalização dos procedimentos fenomenológicos que culmina na dissolução do Eu como princípio explicativo. Ao final, mostra-se como essa reconfiguração da subjetividade funda um campo transcendental sem sujeito, evidenciando que pensar uma filosofia da consciência distinta de uma filosofia do sujeito é o primeiro passo para pensarmos uma moral existencialista.