A POÉTICA INSURGENTE DE GLORIA ANZALDÚA – O CONHECIMENTO FILOSÓFICO DESDE A FRONTEIRA
Gloria Evangelina Anzaldúa (1942-2004) foi uma teórica crítica do feminismo e da teoria cultural. Nascida na fronteira México-Estados Unidos e autodeclarada chicana, lésbica e ativista política, a autora vem conquistando espaço dentro dos estudos filosóficos e teorias políticas de gênero. Seu pensamento, bem como sua experiência territorial e corporal são marcados pela forma visceral e íntima com que produz e transmite seus textos. Serpenteando entre as linhas da teoria, literatura, poesia, narrativa e auto-história, Anzaldúa retira o leitor de seu comodismo acadêmico e o insere no universo fronteiriço. Em seu principal livro “Borderlands / La Frontera: The New Mestiza” (1987) a autora utiliza o “bilinguajamento”. Ou seja, a intersecção de línguas que se fundem em uma só, como a mescla do espanhol, inglês, Tex-Mex, Pachuco e gírias, produzindo o que ela chama de “um modo de viver”, um “viver-entre-línguas”. Neste espaço surge a “New Mestiza”, uma consciência que abrange múltiplas experiências e que tem a capacidade de tensionar o conceito de identidade. Em diálogo com a “New Mestiza, Anzaldúa apresenta a “Nepantla”, que vai funcionar como um conceito mediador proporcionando negociações desde os múltiplos espaços em que surge a consciência da New mestiza. Esses desdobramentos merecem análise a fim de demonstrar como é a formação da identidade na fronteira e ainda, analisá-los à luz da border art, ou seja, da arte da fronteira. O papel da arte se torna de grande valor quando proporciona nestes espaços o diálogo, as alianças e sobretudo o conhecimento. O objetivo deste trabalho, portanto, é investigar como se estabelece a identidade na fronteira para assim, investigar o papel da arte nesse processo de formação.