Um sopro de vida na filosofia: sujeito e linguagem em Clarice Lispector
A partir de uma perspectiva crítica iluminada pela história da filosofia, pretende-se investigar em Um Sopro de Vida (Pulsações) de Clarice Lispector a construção discursiva de um sujeito-criador na linguagem do narrador-autor e de um sujeito-criatura nas palavras de Ângela Pralini – personagem criada pelo narrador e amalgamada a ele. Buscando identificar aproximações e desvios entre o fazer filosófico e o fazer poético, em especial, no que diz respeito à dependência do ser humano em relação à linguagem, procura-se identificar e explorar questões de teor filosófico na prosa literária e insubmissa desta grande escritora brasileira nascida na Ucrânia. Pois enquanto não se é dotado de fala e livre para expressá-la, não se pode ser um Eu, não se pode existir diante de um Outro. Além disso, é pelo exercício da palavra, oral ou escrita, que o sujeito se afirma e se reconhece perante o mundo. Assim, a passagem de uma ontologia da linguagem a uma fenomenologia existencial e poética necessariamente corporificada e atravessada pela alteridade será articulada e analisada à luz de contribuições de autoras como Jeanne Marie Gagnebin, Virginia Woolf, Simone de Beauvoir e Hélène Cixous.