A teoria do estranhamento no último Lukács: uma reconstrução a partir de ‘Para uma ontologia
do ser social’.
No segundo volume de ‘Para uma Ontologia do Ser social’, Lukács inicia o capítulo sobre o estranhamento caracterizando este como “um fenômeno exclusivamente histórico-social”, que assume “formas historicamente sempre diferentes”, a depender das especificidades do momento histórico, do modo de produção, da sociedade e da cultura em que ele ocorre. Entretanto, apesar das diferentes formas que o fenômeno do estranhamento assume, Lukács analisa que há uma essência substancial deste, que pode ser sintetizada na seguinte definição geral:
“o desenvolvimento das forças produtivas é necessariamente ao mesmo tempo o desenvolvimento das capacidades humanas. Contudo – e nesse ponto o problema do estranhamento vem concretamente à luz do dia –, o desenvolvimento das capacidades humanas não acarreta necessariamente um desenvolvimento da personalidade humana. Pelo contrário: justamente por meio do incremento das capacidades singulares ele pode deformar, rebaixar etc. a personalidade humana.”
Em outras palavras, o estranhamento pode ser definido como um fenômeno histórico-social que ocorre quando há um antagonismo entre o desenvolvimento das capacidades singulares dos indivíduos e o desenvolvimento de suas personalidades, de forma que o desenvolvimento das segundas é obstaculizado pelo desenvolvimento das primeiras.