A EVOLUÇÃO DO DIMORFISMO SEXUAL EM PAPA-FORMIGAS (AVES: THAMNOPHILIDAE): PADRÕES E PROCESSOS
Investigar o dimorfismo sexual em contextos filogenéticos e experimentais é essencial para compreender a evolução fenotípica de fêmeas e machos de espécies animais. A seleção social, atuando tanto pela competição por recursos sexuais (e.g. parceiros/as) como por recursos não-sexuais (e.g. territórios), promove a evolução de ornamentos em fêmeas e machos e pode promover ou acelerar a especiação. As aves usam exibições de cantos e plumagem na atração de parceiros/as sexuais e defesa de territórios, portanto, as vocalizações e a coloração da plumagem são caracteres que evoluem sob pressão de seleção social. Em Thamnophilidae (Aves: Passeriformes), ambos os sexos vocalizam e defendem territórios e muitas espécies e populações apresentam um padrão reverso de dimorfismo sexual em comparação a outros grupos de aves: os machos são semelhantes entre táxons irmãos enquanto as fêmeas apresentam diferenças mais pronunciadas na ornamentação da plumagem (i.e., heteroginismo). No entanto, também há na família espécies com baixo dimorfismo sexual e casos de heteroandrismo, nos quais os machos são distintos entre táxons irmãos enquanto as fêmeas são semelhantes. Realizando uma análise comparativa na filogenia de Thamnophilidae e experimentos comportamentais em campo, testarei as seguintes hipóteses: (1) as taxas de especiação estão associadas à evolução da ornamentação das fêmeas nas espécies heterogínicas e dos machos nas espécies heteroândricas; (2) as taxas de diversificação do canto e coloração da plumagem são maiores em espécies com elevado dimorfismo sexual (tanto nas espécies heterogínicas quanto heteroândricas) em relação a espécies com baixo dimorfismo sexual; (3) o dimorfismo sexual ocorre devido à seleção social, resultando em um comportamento territorial mais intenso nas as fêmeas e machos de espécies com plumagem mais ornamentada tanto nas espécies heterogínicas quanto heteroândricas.