Integração morfológica em Cycloramphus: relações entre modularidade e aspectos ecológicos
A interação entre fenótipo e genótipo dentro do processo evolutivo é um dos temas de maior interesse ao longo da história da biologia, e merece especial atenção quando tratamos do estudo de caracteres quantitativos contínuos. A evolução da forma, mediada pela interação entre desenvolvimento e função, se encaixa neste contexto. A estrutura tridimensional de um caráter complexo, como a morfologia do crânio, por exemplo, depende do desenvolvimento e da função compartilhada pelas estruturas menores que a formam - no caso, conjuntos específicos de ossos. Trata-se de uma importante consequência de efeitos genéticos que atuam sobre a variação fenotípica, especialmente a pleiotropia e a epistasia. Dentro dos conjuntos formados, o fenótipo tende a ser mais correlacionado do que quando comparado à ossos de outros conjuntos. Essa correlação pode ser justamente devida à covariação no desenvolvimento ou função desempenhados, um padrão conhecido como modularidade morfológica. A distinção entre esses dois efeitos é um objeto de estudo interessante, e passível de realização em anuros. Este projeto se propõe a testar a existência de modularidade craniana em Cycloramphus, um gênero de anfíbios notório por incluir dois grupos muito distintos em relação aos hábitos de vida (espécies que vivem exclusivamente em riachos encachoeirados e espécies terrestres semi-fossoriais, que vivem em meio a serrapilheira de áreas florestadas. Além disso, existem duas espécies que vivem em campos de altitude, sobre as quais temos pouco conhecimento sobre hábitos de vida. A partir do panorama encontrado, será estudada a maneira como a modularidade responde à história filogenética e à características ecológicas do grupo.