Escrevivências sobre identidades raciais dentro do Ensino de Ciências.
A presente dissertação investiga possibilidades de abordagens das identidades raciais no ensino de ciências. A fim de auxiliar em práticas educacionais comprometidas com a produção de novos olhares sobre os corpos, expressões, culturas e religiões afro-brasileiras; partindo da análise de escrevivências, que visam dar voz às professoras negras, analisadas com base no paradigma interseccional. A dissertação está em formato multipaper, com a seguinte organização: um capítulo sobre interculturalidade, que trará as potencialidades curriculares do encontro de saberes científicos com conhecimentos decoloniais e antirracistas dos mestres da cultura popular, de coletivos antirracistas e da comunidade escolar. O primeiro artigo, que indica contribuições para um letramento racial ao relacionar conceitos científicos com conceitos históricos e sociais; através do reconhecimento dos saberes das benzedeiras; e ao abordar a genética na perspectiva da ancestralidade. O segundo artigo, que problematiza uma Educação Integral em Sexualidade antirracista, concluindo que existe relação direta entre o racismo, autoimagem, autoestima com autocuidados de saúde, que podem influenciar em uma vivência saudável em sexualidade. No terceiro artigo foram identificadas como dificuldades para a implementação de uma educação científica antirracista: a integração entre as questões étnico - raciais com o currículo; formação inicial; solidão ao abordar a temática; falta de pesquisas, materiais didáticos e orientações curriculares. Sendo que as possibilidades didáticas encontradas foram: etnoastronomia, arqueoastronomia, interseccionalidade, gentrificação, racismo ambiental, história da ciência e evolução. A parte final da dissertação consiste em proposições didáticas que trazem sugestões de atividades e de sequências didáticas. Como conclusão, reconhecemos a importância da ancestralidade, oralidade, da identidade comunitária e dos territórios, da interculturalidade, interdisciplinaridade e do resgate de memórias para a educação científica antirracista.